Preço do café entra em disputa política
Boulos, do PSOL, diz que alta da bebida é culpa da exportação
O preço do café disparou nos últimos meses e agora virou alvo de debate político. Figuras da esquerda, como Guilherme Boulos, do PSOL, associam a alta ao volume de exportações brasileiras. Nos supermercados, o café subiu quase 40% em 12 meses. Um dos motivos para alta dos alimentos, como café e outros que estão na mira do governo, é a valorização do dólar. Uma taxa de câmbio equilibrada diminuiria a inflação, corroendo menos a renda da população.
Sobre o café, as exportações do grão ajudaram a economia brasileira, com a entrada de US$ 12,515 bilhões no país em 2024. Um recorde em receita cambial. No período, os embarques de café atingiram o maior patamar da história, com mais de 50 milhões de sacas. “Se o que Boulos está falando fizesse sentido, uma exportação muito grande do Brasil teria que fazer os preços internacionais caírem. Mas o que está acontecendo é exatamente o contrário: há uma falta global de café, e isso pressiona os preços para cima”, me disse um analista de mercado.
Os fatores que explicam a alta no preço incluem a seca prolongada em 2024 que reduziu a produção nacional, a quebra de safra no Vietnã diminuiu a oferta mundial de café e o consumo aquecido. O café é regido pela lei da oferta e demanda, e não por uma preferência pelas exportações em detrimento do mercado interno.
O presidente Lula voltou a mencionar o preço dos alimentos no discurso que fez nesta quinta-feira. É um problema que deve persistir por meses, já que está muito ligado à desvalorização do real, fruto do desajuste fiscal. Enquanto o governo estiver sob pressão, o agro estará sob risco de interferências no mercado. O governo seguirá buscando culpados ou adotará uma política econômica séria para conter a inflação?
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